Caríssimos,
Um estrangeiro em seu país
Como acreditar que estes brasileiros têm seus direitos garantidos, quando ainda são vistos como deficientes e que, na verdade, nós ouvintes, não somos eficientes em compreendê-los.
Acreditamos em um país que fala uma única língua, o português. Porém, ignorado é o reconhecimento da libras como língua oficial falada no Brasil e devidamente regulamentada desde de 2002.
No momento, a valorização da diversidade e o reconhecimento desse grupo de brasileiros que se comunicam e constroem sua identidade em outra língua (visual-gestual) torna-se fator de polêmica quando a maioria ouvinte reconhece o surdo como alguém que precisa de tratamento e cura, da necessidade incoerente de fazê-los pertencer ao grupo majoritário e, portanto, que se julga mais adequado e superior.
A língua torna-se fator gerador de preconceito como determinante entre relações de poder estabelecidas por uma sociedade que se diz inclusiva, porém que não reconhece o indivíduo surdo em sua diferença.
Por mais mecânico e artificial que sejam as tentativas de normalização e tratamento recomendados como eficazes, os surdos nunca terão uma identidade ouvinte; são cidadãos que convivem em um mundo que, pelo preconceito, acredita que são incapazes ou inferiores por não aprenderem a língua majoritária.